Os fãs dos games vão jogar o novo Legend of Zelda em maio, além de Redfall e vários outros lançamentos imperdíveis.
A equipe Zelda.com.br opta por fazer um trabalho de localização nos jogos e demais materiais da série, seguindo o modelo de trabalho da própria Nintendo pelo mundo. Isso significa que até nomes próprios podem ser adaptados para ficarem naturais em nosso contexto cultural.
Para valorizar o trabalho de tradução/localização de um jogo, livro ou qualquer outra peça, a primeira coisa que se deve entender é esta: não existe tradução perfeita. Tradutores tendem a pegar o sentido da frase (ou de um parágrafo inteiro) e transpô-lo para o idioma de destino, ao invés de converterem palavra por palavra. Se o processo fosse tão simples assim, os tradutores automáticos seriam infalíveis.
Cada língua falada no mundo é única e orgânica. O nosso jeito de se comunicar está carregado de elementos da cultura local. Experimente traduzir uma expressão brasileira para um americano. “It doesn’t roll” (não rola).
Às vezes uma tradução literal pode ser entendida, mas ela pode ficar estruturada de um jeito estranho, que você jamais ouviria algum nativo falar.
Um bom tradutor precisa entender e perceber essas diferenças culturais para chegar o mais perto possível do sentido do texto original. No processo, detalhes serão perdidos e detalhes serão criados. Se nem mesmo duas palavras sinônimas dentro da Língua Portuguesa têm um significado 100% idêntico, imagine como isso é ainda mais complicado ao comparar dois idiomas. Mas se foi bem traduzido, no final você terá entendido tudo o que precisava. E sem dificuldade ou estranheza.
Um ponto particularmente delicado em traduções é quando chegamos em nomes próprios. Ora, se alguém se chama João, não vai virar Juan se for morar no Uruguai. Por outro lado, se você for à China e perguntar onde fica Pequim, não vão te entender. Talvez seja melhor perguntar pela cidade de Beijing.
Traduzir nomes próprios ou não vai depender da intenção ou necessidade. Quando estamos falando de uma obra de ficção, não é raro que o autor crie nomes a partir de um significado. O nome de Link veio da ideia de que ele é um elo com o jogador, seu avatar ali dentro daquele mundo de faz-de-conta.
É uma decisão difícil mudar nomes ou mantê-los. Jogadores veteranos estão habituados à Triforce e à Master Sword, mas talvez para um novato seja estranho que existam nomes em Inglês “largados” dentro do texto em Português.
Pesquisamos e debatemos muito sobre o que faríamos em nossas versões brasileiras. Por fim, decidimos seguir o trabalho da própria Nintendo: a localização dos jogos. Esse é um processo que vai além de uma tradução mais simples: ele leva muito em conta os aspectos culturais do local e faz adaptações de modo que tudo fique natural para esse destino.
Os americanos parecem ter olhado para seu gosto por besouros e o corte de cabelo estilo Beatles e decidiram localizar o nome, fazendo um trocadilho.
Em uma localização não são necessariamente apenas nomes próprios que mudam: qualquer tipo de adaptação que sirva para preservar a intenção original no novo contexto cultural é válida. Poeticamente, poderíamos dizer que, em jogos, traduzir os sentimentos é mais importante que traduzir as palavras em si.
O exercício que fazemos aqui é: como seria um jogo de Zelda oficialmente traduzido no Brasil? Você há de notar que muitas empresas hoje em dia estão localizando seus jogos em Português, e de fato eles não apenas traduzem, mas adaptam termos, criam trocadilhos e piadas que só um falante da língua entende. Veteranos sempre estranharão em um primeiro momento, por estarem acostumados com o Inglês. Mas é preciso pensar em uma boa primeira experiência para quem nunca jogou. Esse tipo de contextualização ajuda a ampliar a imersão do jogador dentro da história que estará vivendo.
Você sabia que os nomes dos habitantes de Skyloft, em Skyward Sword, são baseados em nomes de aves? Essa é uma informação que se perde se deixarmos, por exemplo, os nomes em Inglês. Eles variam com cada versão oficial do jogo para que a referência seja mantida, e nós fizemos o mesmo. Quando uma palavra é constante ao longo das versões (como o próprio nome de Link), nós a mantemos, porque é o que a “Nintendo do Brasil” faria.
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